Muitas pessoas me perguntam o que eu avalio nas entrevistas que faço para os processos seletivos, o que considero importante e como sei que a pessoa está me falando a verdade. Obviamente, temos um modelo de entrevista que nos guia e que faz com que possamos entender a trajetória e conquistas profissionais de cada candidato. Por outro lado, existe uma parte da entrevista (a que eu mais gosto, na verdade), que exploro detalhadamente os motivadores de cada profissional, que tento entender de forma profunda, o que o está desmotivando em seu trabalho atual, o que ele gostaria de mudar e qual seria o trabalho ideal para ele.
É curioso ver como muitas pessoas nunca pararam para pensar naquilo. É comum eu ouvir “ Difícil essa sua pergunta hein”. Nesse momento, fazemos juntos uma rápida reflexão das pequenas coisas do dia-a-dia que os motivam, as pessoas com quem gostam de trabalhar e o que essa pessoa quer para os próximos anos de carreira. Você vê isso onde trabalha? Admira as pessoas com quem trabalha? Está satisfeito com a forma de gestão e remuneração que recebe?
Ninguém aqui está falando que existe um trabalho perfeito, eu particularmente não acredito nisso. E digo mais, acredito que as dificuldades são um “porre”, mas elas ajudam, de verdade, para nosso amadurecimento, resiliência e sucesso futuro. A vida como ela é… :p
Mas é importante sim prestar atenção em nós mesmos e como nos sentimos no nosso trabalho, como vemos as pessoas e como tudo aquilo está ou não contribuindo para sermos profissionais melhores e mais bem-sucedidos. Outra coisa que gosto de ressaltar é o conceito de bem-sucedido, quem disse que ser bem-sucedido é apenas aquele indivíduo que se forma em uma faculdade de primeira linha, estuda fora do país, consegue promoções todo ano e vira diretor ou sócio antes dos 35 anos?
Sim, esse indivíduo acima é bem-sucedido e não podemos tirar o mérito dele, MAAAAS a pessoa que batalhou para estudar, que optou por seguir uma carreira fora do mundo corporativo e abrir um negócio seja lá do que for, que se dedica e dá o seu melhor para aquilo dar certo, também é muito bem-sucedido e ESTÁ TUDO BEM!
Carreiras novas vêm surgindo, novas formas de trabalhar e engajar pessoas e isso é tão bonito quanto desafiador. Então, quanto antes quebrarmos essas barreiras de “o que é certo e o que é errado”, mais teremos gente feliz, produzindo e enriquecendo mais!!! (adoro emanar prosperidade kkkk)
E aí, falando desse tema que adoro, resolvi convidar a Bia napolitano, essa mulher maravilhosa, advogada de formação que resolveu mudar totalmente sua carreira, para nos contar um pouco sobre a sua transição. Conheci a Bia na época de advogada e vendo os vídeos dela hoje, consigo sentir ainda mais o brilho nos olhos e satisfação que ela trouxe para a vida dela!
Perguntas para Bia Napolitano:
- Você atuou mais de 10 anos como advogada, uma profissão com raízes conservadoras, como se sentia com a rotina jurídica?
Comecei a trabalhar aos 20 anos. Entre estágio e a carreira de advogada em si, foram 10 anos. A profissão possui raízes conversadoras e a rotina me impunha uma postura que eu precisava atuar muito para seguir firme. Sou muito brincalhona e achava que não me encaixava muito naquele contexto tão sério e formal. Sentia necessidade de sair do “eixo” toda hora e, com isso, acaba sempre convivendo com pessoas com o mesmo senso de humor que eu, para poder nas horas vagas me distrair um pouco antes de voltar à formalidade.
- Quando percebeu que a vontade de mudar era real?
Percebi que a vontade de mudar era real quando comecei a não me sentir mais feliz em ir ao trabalho. Quando comecei a estranhar ao ver pessoas felizes realizando tarefas que eu não sentia prazer algum em realizar. Eu me sentia indisposta a realizar atividades do cotidiano e não via a hora de ir embora do trabalho. Chegava pela manhã já com vontade de ir embora e contava os segundos para a sexta-feira. Foi aí que percebi que algo estava errado.
- Como o humor apareceu na sua vida?
Desde sempre. Convivo com pessoas muito bem-humoradas na minha família. O humor e a leveza sempre estiveram muito presentes em minha vida desde pequena. Meus avós sempre foram muito brincalhões, meus tios também, primos, meus pais, meu irmão… Todo mundo é muito leve e sorridente!
- Você precisou de quanto tempo para amadurecer a ideia e mudar completamente sua carreira?
Meses para pensar e segundos para agir. Estava há meses pensando que queria sair da rotina que eu estava e ia montar um negócio próprio na área de Direito do Consumidor. Ia auxiliar a população na solução de demandas do cotidiano e trabalhar para mim mesma, pois meu sonho era ter a minha própria rotina. Resolvi sair da empresa em que eu trabalhava para seguir esse caminho, mas não tinha certeza absoluta se era isso que eu queria. Foi aí que viajei com meu marido para o exterior durante um mês, após pedir demissão, e tudo mudou. Já produzia conteúdo de humor apenas para meus amigos e as poucas pessoas que me seguiam. Então, na viagem postei um vídeo dançando de forma engraçada e esse vídeo viralizou. Os novos seguidores começaram a chegar e naquele momento já decidi que queria seguir o caminho do humor na internet.
- Você se sentiu julgada de alguma forma?
Confesso que não muito e se me senti, não foi nada considerável a ponto de me abalar.
- Como você acredita que podemos influenciar, de forma positiva, as pessoas que querem mudar de carreira? Quais são pontos importantes para avaliar?
Acredito que estamos na vida para encontrar a felicidade, independentemente de onde e da idade. Sempre é tempo de ser feliz! Claro, que toda mudança exige um planejamento mental e financeiro. Então, com isso organizado, para mudar de carreira precisamos pensar exatamente o que queremos e aonde queremos chegar, o resto é consequência.
- Como você vê a transformação digital impactando nas profissões?
Vejo um impacto direto e orgânico. A internet vem, cada vez mais, substituindo a mídia impressa e televisiva. O impacto de uma venda, de uma indicação, ou até mesmo de uma autopromoção na internet é muito mais rápida, direta e imediata do que as outras formas de comunicação. Hoje, quem não sabe se divulgar através do meio virtual, acaba se tornando obsoleto.
- Você acredita que, de alguma forma, as escolas e universidades podem influenciar uma mudança de mindset na escolha das profissões dos alunos do futuro?
Acredito que sim e esse movimento começou a ser visto atualmente. Já existem cursos específicos para esta área de influencer, mas acredito que como toda profissão, está também exigirá de cada um a vocação e o interesse em percorrer o árduo caminho para o sucesso.
- Com tanto bom-humor, quais dicas você daria para nossos profissionais encontrarem a felicidade nos seus respectivos trabalhos?
Na verdade, acredito que o caminho é inverso. Você pode ter o melhor humor do mundo, mas se não estiver feliz no local em que trabalha, você precisará reavaliar sua vida. Temos que pensar que passamos a maior parte do nosso tempo trabalhando e se a sua atividade do cotidiano não lhe der prazer, existe algo de errado. Encontrar a felicidade no trabalho é algo diretamente ligado a exercer atividades que lhe dão prazer. Na minha opinião, é basicamente aquilo que você tem talento e vocação. Lembra na escola as matérias que você mais gostava? Era mais fácil e prazeroso ir bem nas provas relacionadas a elas, certo? Na nossa profissão, devemos seguir a mesma premissa. Então, faça aquilo que te dê prazer e que você tenha domínio e talento para aquilo, caso contrário, será um eterno frustrado. Nas palavras de Albert Einstein: “Todo mundo é um gênio. Mas se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir em árvores, ele viverá o resto de sua vida acreditando que é um idiota.” Que bom que eu descobri minha capacidade aos 30 anos! Nunca é tarde para recomeçar!
Aqui fica uma mensagem de reflexão, não necessariamente para você mudar de carreira, mas sim para olhar para seus motivadores e aceitá-los de forma honesta. De buscar o que te satisfaz e entender que a parte “chata” pode existir, mas que ela não pode ser todos os dias.
E aí está preparado para sua próxima entrevista de emprego?
Bora buscar satisfação no trabalho!
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